domingo, 3 de julho de 2011

Rio realiza simulação de retirada de áreas de risco para evitar tragédias na época das chuvas.


A Prefeitura do Rio de Janeiro realizou neste domingo (3) uma simulação de desocupação nas 20 comunidades já equipadas com um sistema de sirenes que alerta aos moradores a deixarem áreas com alto risco de deslizamento. Ao todo, cerca de 8.000 famílias estiveram envolvidas no exercício, além de 800 agentes comunitários e cerca de 1.300 voluntários.
O prefeito Eduardo Paes e o subsecretário da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Márcio Motta, participaram da simulação no morro da Formiga, zona norte da cidade, ajudando na evacuação de moradores até pontos seguros previamente determinados. Em abril de 2010, três pessoas perderam a vida no morro da Formiga por causa das chuvas.
O morador Damião Laurindo Cordeiro, 52, achou importante participar do exercício, pois a comunidade ainda não se sente segura em época de fortes chuvas. "Quando chove aqui o pessoal fica assustado, porque você compra uma casa mas não conhece a estrutura. Com a sirene o pessoal também fica meio 'grilado', mas assim é melhor", disse Damião, garantindo que agora sabe o que deve fazer quando a sirene tocar.

Na simulação de hoje, agentes comunitários receberam mensagens SMS via celular indicando a possibilidade de fortes chuvas. Em seguida, momentos antes do soar das sirenes, eles receberam outro aviso com a confirmação de que o risco causado pela chuva é grande e a ordem de iniciar a evacuação. O sistema é acionado caso a Defesa Civil e o Alerta Rio identifiquem que as chuvas chegaram a pontos críticos nesses locais. De acordo com Márcio Motta, o alerta é dado quando o volume de chuva ultrapassar 40 milímetros por hora.

A implantação do sistema de alerta e alarme começou em janeiro deste ano com a instalação de um conjunto de sirenes no morro do Borel, na zona norte. E a medida já surtiu efeito este ano. Alan Pereira da Silva, 25, morador do morro da Formiga, já teve a própria vida e a de seus filhos salva pela sirene. Na noite do dia 25 de abril deste ano, durante uma tempestade, ele ouviu o alerta mas não deu muita importância e achou que não precisava sair de casa. No entanto, dada a insistência da sirene, que já havia lhe tirado o sono, Alan decidiu mudar de cômodo com sua esposa e duas filhas. Instantes depois, a parede do cômodo onde estavam cedeu.


Não saí de orgulhoso, por 'sem-vergonhice' mesmo. Mas agora conto essa história para todo mundo, falando para as pessoas respeitarem a sirene que é coisa séria", afirmou Alan, que também compôs um rap para ajudar a conscientizar os moradores da comunidade.

De acordo com o prefeito Eduardo Paes, um dos focos está justamente neste convencimento de que acreditar no alerta pode ser decisivo para evitar mortes. "O Rio passou muito tempo vendo pessoas morrerem por situações absurdas. Acreditar no sistema de alerta é muito importante para não perdemos o que não tem volta. Nossa prioridade é salvar vidas", disse aos moradores.Meta de 60 comunidades até outubro

De acordo com um levantamento da Geo-Rio concluído no final de 2010 e divulgado no início deste ano, há 18 mil famílias vivendo em áreas de alto risco no município do Rio.Deste total, 15 famílias estão no conjunto de 60 comunidades que a prefeitura pretende contemplar até outubro com sistema de alerta. As outras 3 mil estão espalhadas por diversas outras comunidades da cidade, onde os órgãos municipais executam trabalhos de drenagem e contenção de encostas. A prefeitura sustenta que o foco das ações não é a remoção das famílias do local onde moram, mas sim o trabalho de recuperação destas áreas a fim de eliminar o risco.

Além das 20 comunidades que já possuem sirenes operantes, em outras sete o sistema está em fase de teste. A Rocinha, por exemplo, já conta com um sistema operante. Na comunidade há nove pontos de sirene e doze pontos de apoio. A previsão da Prefeitura é de realizar simulações mensais nas comunidades.

"É para acreditar. Não é o prefeito que olha pro céu, acha que vai chover e falar para tocar as sirenes. Há por trás delas muita tecnologia, radar, monitoramento 24 horas por dia, um Centro de Operações funcionando e um sistema que aciona as sirenes a partir do momento em que o alto risco existe", completou o prefeito.

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